Wednesday, September 17, 2003

ao vento 3...

Ontem noite entre fumaça e corpos que se mexiam sob ondas sonoras estridentes e eu... o corpo pesado dos anos, tentando entender os berros ensurdecedores dados nesta estranha língua quis estar em minha cama acompanhada. Não, isto foi sábado. Hoje com este mau humor por não ter alguém a me acompanhar e a paciência pequenina para enfrentar os problemas diários, deito sozinha olhando a chuva e as nuvens não suportando o peso do sol que ilumina pacificamente o ápice do dia.

Queria ficar aqui bem quietinha até o dia chegar. E hoje só penso nisso, nestes próximos cinco meses de espera para o descanso de alma tão aguardado. Inquieta, ando dum lado a outro pensando em coisas e mudando de foco um segundo depois. A mente vaga tentando encontrá-lo, tentando encontrar-me. Sem conseguir, caminho junto ao tempo, mais um pouco, preciso correr um pouco mais.

Preciso de companhia nesta preguiçosa semana, ainda mais que escutei a voz dele (quando foi?) domingo; preguiçosa, cansada, doentinha. E a vida resume-se a vozes e letras e a mente vagueia buscando sentindo nisso e naquilo.

Um dia desejei que o mundo parasse para que eu descesse, diante desta impossibilidade resolvi deixá-lo, my outside world. Hoje quero voltar, porém a chave não pode ser usada neste momento. Por que fico? Objetivos futuros, nada mais. Quais são eles mesmo?

Queria largar esta vidinha sem importância, mas descobri a importância daquela lá porque cá estou. Então olho mais uma vez através da janela e penso nas pessoas do lado de lá. Não se preocupe, hoje estou de mau-humor, inquieta, desejando que o tempo passe logo e finalmente a companhia chegue, o resto é perfume.

Monday, September 15, 2003

carta à estranha

Como vais nesta vida que não sei onde levas? Na que me deste, tudo bem. Quer dizer, ainda não a sinto como minha. Sempre penso nesta vida emprestada nas sigo vivendo-a, da melhor maneira que posso. É... é uma vida grandiosa pelo tamanho das coisas que a cerca, mas de pequena importância. Porém penso na real importância da minha verdadeira vida para o mundo, não encontro, seguimos empatadas.

Meu problema aqui é que não relaxo, tento viver esta vida como minha mas esbarro na minha própria incapacidade de esquecer. Talvez se ma desse, realmente. Penso sa quereria se ma oferecesse. A primeira resposta é negar com veemência, mas não sei se acabaria me acostumando e esquecendo daquela outra, a minha verdadeira que segue abandonada já que não a emprestei a ninguém.

Não, não tenho a intenção de emprestá-la porque pode calhar de gostarem e não ma devolver. Neste caso ficarei tão triste e tentarei de todas as maneiras tê-la de volta que prefiro não me arriscar. Ela segue vazia para sorte de uns e azar de outros.

Parece mesquinho segurar aquela em minhas mãos quando de boa vontade me emprestou a tua. Fui eu quem a pediu por alguns meses, contudo parece mais difícil do que supunha andar por ela. Faço com a disposição que posso e acho que a tenho vivido bem. Talvez não a agrade, mas tento aproveitar para ver a minha vida sem deixar-me de lado.

A carta era apenas para agradecer e contar as novidades, o que foi feito. Desculpe a demora, mas espero notícias tuas em breve.
Beijos,
Sphinx.

Friday, September 12, 2003

let´s talking about my day...

Ontem trabalhei até mais tarde, mas não foi tão cansativo. Devon pediu para assistir um pouco do treino dele de futebol americano e Jordan queria ficar. Passei duas horas observando Jordan correndo dum lado a outro com seu ursinho de pelúcia. A vida é mesmo maravilhosa quando crianças se cansam a valer. Voltando pra casa, Jordan tomou um banho e foi dormir. Devon fez seu trabalho de casa, “Moon Journal”. Fomos para o lado de fora tentar ajudá-lo a observar o céu e perceber a noite. Quando Derek chegou, fui tomar um banho e dormir.

Durante a tarde, ainda ontem, quando as crianças estavam na escola, fui aoshopping almoçar num restaurante indiano. Não gostei muito da mistura frango com amendoim. Aproveitei a promoção na JCPenny e comprei uma calça Levi’s.

Hoje acordei no obserno horário de 6:40. Jordan estava num mau-humor… Depois que as crianças foram à escola, tirei um cochilo de uma hora e tomei banho de umas duas horas. As crianças chegaram, Devon ficou vendo futebol americano, e eu e Jordan ficamos fazendo ginástica. Agora estou esperando a Rajae chegar para irmos a algum lugar. Talvez dançar, eu não sei bem. Encontraremos a Alana e decidiremos.

Sunday, August 31, 2003

let´s go to downtown


O fim de semana começou mais uma vez sexta-feira a tarde quando eu e Rajae fomos a Portland. Primeiro conhecemos a “Powell’s Book”, uma imensa livraria, típica da região. A livraria ocupa o espaço de um quarteirão com três andares e vende livros novos e usados. Tem também livros em outra língua, importados. Rajae ficou maluca com um corredor inteiro de livros em francês. Eu, falando esta língua ‘hardcore’, tive que me contentar com duas estantes – um ocupada com dicionários e outras com livros brasileiros e portugueses. Os que eu queria estavam muito caros (mais de quinze doláres) e pude assim manter minha promessa de apenas ler os clássicos americanos e ingleses. Infelizmente não pude resistir a livraria e acabei por comprar um livro usado do Hemingway, por U$4,50, e estou conseguindo ler sem dicionário.

Depois fomos a rua 23, em Nob Hill, onde ficam os cafés, restaurantes e lojas mais charmosas na cidade. Fomos a Starbucks tomar o já tradicional “Chocolate Brownie” que é uma delícia. Depois encontramos Alana e ficamos um pouco num bar. Voltamos para casa cedo porque eu tinha que trabalhar sábado pela manhã.

Sábado comecei a trabalhar as seis horas porque os pais foram ao golfe e uma pessoa tinha que ficar no segundo andar onde as crianças dormem. Só que eu não consegui voltar a dormir, então a manhã foi de mal-humor somente recuperado porque minha irmã apareceu no msn.

O fim da tarde começou quando encontramos Alana e depois dum início na 23, fomos a “Downtown”. Ficamos a procura dum lugar onde Dominika (a aupair polonesa amiga de Alana) pudesse ficar porque ela somente tem 20 anos. Todos conhecem a lei que proíbe beber antes dos 21 anos por aqui. Menores de idade não pode nem sequer entrar em muitos lugares. Ficamos num restaurante porque no bar não podíamos ficar por causa dela.

Voltando para onde tínhamos estacionado o carro, pude presenciar uma cena no mínimo engraçada para os brasileiros, mas que demonstra o cumprimento das leis por parte dos americanos (será por isso que este país funcione ao contrário do nosso?). O guarda dava um sermão porque um cara tinha atravessado a rua com o sinal vermelho (isso quase meia-noite) para pedestres (e não tinha nenhum carro passando pela rua).O cara só dizia “Yeah, yeah” enquanto o policial falava que aquilo não era sugestão, era uma ordem.

Voltamos para casa. Hoje irei ao parque e jantarei na casa da Rajae. Portland apenas no fim de semana que vem, quando esperamos ir algum lugar para dançar. Isso de Dominika não ir conosco, claro (tadinha dela).

Friday, August 29, 2003

ao vento 2...

Pesada ela senta, mas não pensa em nada. Gostaria de passar o dia na cama, porém seu serviço é arrumar tudo. Brincar com as crianças não conseguia porque sua mente atravessava campos e chegava ao seu interior, sem perceber. Sentia-se mal e qualquer palavra dos outros era o bastante para fazer sua cabeça explodir.

O problema é que não sabia o que tinha porque não tinha nada. Estava feliz, até hoje quando seu corpo ganhara um peso, suas costas doíam e sua cabeça caía de lado na impossibilidade de mantê-la em pé. O cheiro de flores que impregnava a casa para disfarçar outros odores chegava-lhe as têmporas que latejavam a cada respirar. Queria ficar na cama, quietinha, mas a vida chamava-lhe. Quisera poder dar um tempo de deitar porque quanto mais irritada ficava, mais saudades sentia. Não a saudade da terra distante, mas do que fora ontem. E hoje, o que além dum corpo andando de um lado a outro?

Pelo menos pensava em coisas concretas e não aquelas questões que não tinha resposta. E pergunta-se se o verá hoje, aquele ver de apenas ouvir a sua voz porque já estava ficando confusa com seu vocabulário que não expressava exatamente seu real significado. Hoje verá sua representação, ícone intergaláctico? Besteiras, sorri.
Queria saber notícias porque se sentia cega daquele outro mundo, o lado de lá, e precisava vê-los. E o vento lá fora combina com as nuvens cinzentas, que combina com seu humor, que permanecia apenas dentro dela.

Sunday, August 24, 2003

chega de saudade


A sexta-feira começou já pela tarde quando a Rajae veio me buscar para irmos a Portland visitar o museu de arte onde tinha uma exposição do Miró. Depois ficamos passeando por “Downtown”. Tinha festa italiana na Pionner Square e depois chocolate com café – mistura interessantíssima – e um garçon americano simpático me confundindo com uma italiana já que estava passeando pela praça. Fomos a uma livraria onde tinha cds brasileiros, um monte deles, até aqueles de gosto meio duvidoso, mas estava caro. Acabei comprando um livro com poemas da Emily Dickinson. Por falar em ler, finalmente terminei minha jornada inglesa – Virgínia Woof – depois de seis semanas!

Sábado comecei encontrando o telefone da brasileira que supunha perdido, Fui a um parque perto do Willamette River e almoçamos. Que paz! Sem crianças então, somente eu e Rajae que convidei para assistir um filme por cá. Os pais foram a uma festa e as crianças não queriam ir dormir. Devon estava insuportavelmente teimoso querendo chamar a atenção. Acabei perdendo a paciência e terminando de ver “The Bridget Jones´diary” no “meu” andar.

Ontem liguei para Alana e contei a história do sumiço e mágico aparecimento do telefone e ela ficou de me ligar hoje.

Hoje acordei ao som de “Chega de Saudade” gravado por um americano que toca violoncelo (mas a cantora é brasileira). O cd muito comentado pelas bandas de cá, “Obrigado, Brazil” gravado pelo Yo Yo Ma, tem uma diversidade de (boas) músicas brasileira. Fiquei vendo a entrevista e senti orgulho de ouvir alguém falar bem do Brasil, mesmo sobre músicas. Como estou boba este fim de semana! Acho que foi porque liguei p’ra ele, fico ridiculamente boba quando ligo p’ra ele.


Foto Juniorzzi

Friday, August 22, 2003

dois meses nos states

Hoje fazem dois meses que saí do Brasil e cheguei aos Estados Unidos. Engraçado como nos acostumamos. Acostumei-me a esta vida, aos passeios no parque durante a tarde, a rotina. E fico feliz, de verdade, aproveitando cada momento. É claro que tenho saudades, mas não aquela que sufoca. É aquela pequenina como contar aquilo para aquela amiga, ver minha sobrinha sem o dentinho da frente, mais uma estripulia do meu sobrinho, tomar café (com a minha mãe, com Didi) e conversar. Você passa a não ter saudades da sua vida em si, mas das pessoas. Às vezes é triste, mas sobrevive-se. Outros dias, alegre porque viu algo muito bom aqui. A rotina chega todo dia e os dias passam depressa. Dois meses? Voaram.

Claro que trabalhei pra caramba porque as crianças estão de férias (que acabam dia 02 de Setembro) e a mãe foi viajar. Quando ela não está não me sinto tãoobservada e nervosa. “Não esqueça isso!”, “Você tem que fazer aquilo!” Ela não é má, mas muito melhor quando tenho calma para decidir as coisas por mim. E eu adoro calma. Esta família é cheia de compromissos, coisas a fazer e eu tento decifrar este jeito americano de viver.

Wednesday, August 20, 2003

pesos e medidas

Lembram-se quando falava dos meus problemas com a menorzinha. Eles acabaram. É claro que ela ainda tem um gênio! Principalmente pela manhã. Porém pode ser doce e falar como uma tagarela, e pintar lindos desenhos. Nestes dias chego a perder o coração, se ela ficar assim todos os dias corro o risco de me apaixonar e depois será difícil dizer adeus.

E eu já disse as dificuldades que um estrangeiro tem em se achar com tantas medidas diferentes? A temperatura não é Celsius, mas em Farenheirt; não é litro, mas galão; não é quilos, mas libras; não é quilómetros, mas milhas. Fica difícil de se achar e nem falo do número do sapato, da roupa que isso, você supõe mudar de um lugar a outro. Aos poucos me acho.

Tuesday, August 19, 2003

fuga

Cheguei sem avisar, desisti de tudo e resolvi voltar. A casa estava exatamente como a deixara, e tinha aquele cheiro de comida percorrendo-a, os pratos secando e as cores espalhadas. Minha mãe abriu um sorriso lindo e levantou-se para me abraçar porque era boa a surpresa de meu retorno. Minha irmã estava fazendo uma visita e pude abraçá-la junto com Bê e meu arteiro que não precisa mais saudar cada avião dizendo, ti-a. E é tão bom abraçá-los...

Era 9:30, um frio percorreu meu corpo porque nesta hora perceberam que eu fugira. Coloquei a roupa na mala e saí, sem avisar, sem dar satisfações, mas eles cobrariam.
E a vizinhança apareceu e meus amigos perguntaram o que estava fazendo ali tão cedo. Sorri e cansada fui dormir. Foi de repente, cansaço estranho.

No meu quarto a cama a mesma posição, o cheiro de incenso fraquinho, as fotos, meus livros, meu computador e a janela com cortinas e reconheço este quarto. Não, não estou em casa. Foi por alguns minutos, um daqueles sonhos bem reais, que lá estive. E foi tão bom senti-los...

Monday, August 18, 2003

coisas que só acontecem com quem dirige


O domingo correu agradável com um passeio até Portland. E a feira de cá é parecida coma feira hippie de Ipanema. Fui com Lina, uma aupair dinamarquesa e conhecia Tanja (fala-se Tania) um aupair alemã. Logo recebi um telefonema de Sherene que disse que eu não tinha deixado claro que iria usar o carro. Eu tinha. Foi aqueles problemas na comunicação onde você fala uma coisa e o interlocutor entende outra. Até aí o dia correu tranquilamente. Fomos ao Pionner Courthouse Square e assistimos uma festa indiana, com música e os indianos todos dançando. Depois me despedi e fui ao cinema ver “Madame Satã” que estava passando por cá.

Voltava para casa quando vi que um carro tinha encostado de leve no meu quando estacionado. Nada grave, apenas um pouco nervoso porque afinal o carro não é meu. Chegando em casa fui direto contar a Sherene. Ela foi compreensiva, somente deixou claro que era por isso que não gostava de aupairs dirigindo a cidade nos primeiros meses (este tipo de acidente já aconteceu com as outras).

Ficou uma falta de coragem para pegar o carro e ir até Portland, Acho que pelo menos pelas próximas duas semanas…

Tuesday, August 12, 2003

contando a semana...

Estive trabalhando no domingo. Fui a Seattle porque os pais das crianças tinham um encontro de negócios e eu fiquei a tarde num quarto de hotel onde não tinha nada, a não ser uma bola, para as crianças se entreterem.

Seattle pareceu bonita com o lago, as casas em volta e os barcos. Infelizmente não pude conhecer nada desta vez. Fica para a próxima já que Seattle fica apenas três horas daqui.

Estas semans tem sido tranquilinhas. Acabaram meus problemas com a menina e com a mãe. Estou dirigindo até Portland. Ainda não tive fim de semana para conhecer as coisas em Downtown e no próximo Rajae estará na Califórnia com a host family dela.

Este sábado tive encontro de aupairs. Foi fraquinho porque resolveram fazer dois encontros e todas as meninas foram ao outro. Soub que Marie teve que voltar à Franca depois dum acidente com a trituradora de lixo que corou o dedo dela. Fizeram uma cirurgia para recolocá-lo, sem sucesso. Com tantas dores ela não conseguia trabalhar e teve que voltar. Agora perdi meu único contato com Alana, a brasileira. Rajae e eu perdemos o telefone dela. O negócio é esperar que ela não tenha perdido o meu.

Sunday, August 10, 2003

ao vento

E com aqueles presentes na cabeceira, aquele bilhete numa mão e aquela foto na outra, perguntava-se se ele era mesmo o homem de sua vida. Mas será mesmo que existe o homem ou mulher da vida de cada um ou são apenas coisas criadas para nos fazer acreditar que existia? E ela sentiu-se impregnada destas coisas. Achou que era o momento de se livrar delas. E se existisse?

Mas outra pergunta era mais forte, porque todas estas dúvidas agora enquanto lia aquele bilhete? Não era o que esperou ouvir em todos aqueles anos. Não era o que queria... E por que todas aquelas dúvidas justo no momento em que ele dizia o que esperava ouvir?

Dentro dela uma vontade incontrolável de ligar e dizer, acabou. Porque tinha uma vida, planos e eles eram tão diferentes, viviam vidas completamente diferentes. Talvez fosse medo apenas. Liga, ele não está, mas alguém atende querendo saber exatamente quando chegaria. Então ele contou, ela pensa, se ele contou a ela, é sério. E ela devia estar feliz... mas era medo... tão grande que ela queria desistir e dizer que não daria certo e sentiu que se arrependeria.

E olhou novamente a foto dele, ainda em suas mãos. Pensou nos anos esperando. Então leu mais uma vez o bilhete. Estava feliz, era sério também para ele, finalmente.

Wednesday, August 6, 2003

e a liberdade ir pra lá e pra cá

Nada como estar de volta e passear pra lá e pra cá de carro. Ter uma amiga para sair e conversar. Senti falta disso nesta viagem a Maryland. Agora pelo menos tenho o carro e domingo finalmente fui ao shopping comprar um presente para Devon que fez aniversário segunda. Foi legal passear por lojas, mesmo que não tenha comprado nada para mim.

Então segunda Devon recebeu os amigos para uma festa sleepover, ou seja, os pestinhas dormiram na sala ao lado do meu quarto. Imagine seis crianças gritando até as duas da manhã! Eu não imagino como consegui dormir as onze. Acabei acordando às duas por causa do calor no meu quarto e escutei quando Derek colocou ordem no recinto.

Saturday, August 2, 2003

em maryland...



Sexta chegamos a Maryland na casa da mãe de Derek, pai das crianças. Sábado fomos a Virginia para um resort/clube com pista de golfe (que estes americanos gostam muito deste esporte e saem dum lado a outro para ficar num clube de golfe) onde ficamos uma semana. Ontem voltei de Maryland.

Foram as férias deles, nada mais. Conheci um clube de golfe, árvores e restaurantes. Fui também a um parque de diversões, bem divertido. Contudo choveu durante três dias e não visitei o oceano. Foi uma semana chata já que sempre estava sozinha ou com as crianças. Ninguém mais a partilhar isto aqui.

Já estou feliz porque volto hoje à noite e já marquei coisas para fazer num domingo. Eu poderei sair, ver gente. Esta situação é muito estranha. Quando as crianças saem com os avós, nada tenho a afzer e não posso ir a lugar algum. Quando as crianças estão tem os pais. Tentei levar bem apesar de, alguns momentos, quase a morrer de tédio. Os parentes deles são legais, mas suponho que férias é algo mais divertido. Levamos em consideração que a falta de sol prejudicou os planos deles. Solzinho osmente no domingo na piscina quando estava de folga e na segunda quando fui ao parque de diversões. Nada, mais nada interessante para fazer.

Thursday, July 24, 2003

encontrando uma brasileira num domingo pré-maryland

Viajo hoje à noite e ainda não tenho bada pronto. Também passei três dias cuidando das crianças sem a mãe (dois deles trabalhando o dia inteiro, até à noite, o que não é permitido pelo programa). Mas sabe duma coisa, foi bom. Foi mais fácil do que imaginei. E ficar brincando ajuda a passar o tempo, ajuda a espairecer, ajuda a gostar delas... Mesmo Jordan me convidou para desenhar com ela e descobriu meu talento para desenhar casas e arco-íris. E eu, o dela para desenhar flores. Hoje mal acordei já tinha gente na minha porta, vamos brincar, vamos brincar (de banco imobiliário)!

Domingo fui à praia aos arredores de Portland em Sauvie Island (uma extensão de areia numa ilha no meio dum rio), legalzinho. Lá encontrei uma brasileira de Caxias do Sul que veio por outra agência, mas soube por outra menina qu'eu tinha chegado. Alana, o nome dela, está aqui há um m~es e meio e já conhece um bocado de coisas. Tão logo volte, eu ligo para ela pra gente sair. E só posso dizer que é bom falar um pouco de português e contar coisas engraçadas que serão entendidas (principalmente porque esta coisa do engraçado depende da cultura, isso eu descobri).

A noite de domingo terminou com eu e Rajae indo assistir "Pirates of the Caribbean", num cinema perto de casa. Eu entendi quase o filme todo, e ri.

Sunday, July 20, 2003

impressões da tv americana

Aos poucos começo a gostar disso aqui, principalmente quando estou fora de casa com Rajae, minha amiga francesa, conhecendo a cidade. E descobrimentos um cinema e um café charmosinho aqui próximo. Ontem fui a casa dela e conheci sua
host family. São duas meninas que lindas de dois e quatro anos. Gostei do pai das meninas qie foi o primeiro americano que sabia que eu falo português (e não epsanhol como a maioria imagina) e que conhecia meu nome do livro Dom Quixote (isto realmente parece um achado).

Aqui as pessoas são muito centradas nelas e no seu próprio país. Na televisão e nos jornais fala-se daqui ou das colônias do Oriente Médio, ou na Coréia do NOrte com suas ameaças, ou no Primeiro Ministro Britânico e seu apoio aos americanos. E as notícias aqui dentro, dá vontade de rir. Nada importante com uma roupagem sensasionalista, tipo "Cidade Alerta".

Assistir tv aqui é muito engraçado! Os filmes passados são editados para caberem em duas horas com os comerciais. Esta semana assisti "High Fidelity" que foi sumariamente cortado a ponto de não reconhecê-lo. A parte boa, os seriados repetidos em canais diferentes. Aqueles que no Brasil eu não posso ver porque não tenho tv a cabo.

Thursday, July 17, 2003

ainda sobre saudade...

Caminho suavemente enquanto observo o ar, suspiros. Ao fundo Chico cantando você é o que resiste ao desespero e a solidão. Nada existe e o tempo é triste sem você, meu amor. Nunca te ausentes de mim para que eu viva em paz, para que eu não sofra mais. Tanta mágoa assim num mundo sem você. É que o dia mistura tristeza, saudade e alegria por ouvir uma voz. Confortada por uma voz... E por Chico espalhado pelo vento para frias mentes. Beleza.

O menino adentra abruptamente a procurar algo e a tarde é brisa, não posso ajudar. Preciso ficar aqui com a mente no nada, preguiçosamente. Imaginando viajar como passageira, olhar languidamente em volta. E a tristeza some, chega coragem em entrar neste mundo com meu sorriso e timidez habitual. Uma felicidade escondida fortalecendo os olhos. Olho. E logo um sorriso um sorriso no rosto insiste em ficar. Lembranças doces. E um dia, nestes que virão, lembrarei deste aqui como daqueles? Não sou nostálgica, mas falta charme a estes, e um jeito especial de ser simples.

Somos complexos demais e gostamos de romance, mas não com os requisitos hollywoodianos. Falta humor. Mas sempre existe espaço para outras lembranças, como ouvi-los dizer que sentem saudade e perceber como é importante a vida deles na minha, mas ela continua aqui, em mim. Suspiro mais uma vez. Correr pelo quintal e lembrar.

Friday, July 11, 2003

minha primeira amiga

O dia teve sabor francês, uma nova amiga enfrentando esta terra inóspita dum povo desarrumado. Já disse isso? Este povo usa short até para janatr num restaurante. Porém não quero faalrdeles, mas delas. Primeiro a difícil criança que tenho ao meus cuidados. Hoje ela amanheceu bem e a vida foi mais fácil para nós udas. E eu escorregando em sua companhia, ponto sublime do dia.

Chega a noite, tarde porque o sol ainda nos acompanha, e encontro meu anjo francês. Minha primeira amiga neste subúrbio amercano. Fazer amigos é como um sol depois duma longo inverno. E agora tenho companhia para me perder nestas estradas, para cometer erros com meu inglês-brasileiro. Luz, luz se fez.

E a luz brilha e o sol queima. Um bonito dia com crianças brncando com água tranqüilamente e eu observando, escrevendo. Depois de quarta, quando pendei em desistir, tudo melhorou porque me enxerguei aqui.

Desculpe se meus relatos são chatos. Gosto das flores no jardim e ando em volta delas obserando. Talvez devesse ser mais objetiva a falar sobre a minha comida, sobre minha família aqui. Contudo, por enquanto, viajo.

Tuesday, July 1, 2003

primeiros dias em Portland

rosegarden
Aqui em Portland muitas árvores, pinheiros, creio. Também aquelas casas imensas, aqueles carros enormes, rodovias a perder de vista e o fascinante Mountain Hood que pode ser visto de qualquer lugar. É que eles gostam de tudo "big" e me sinto tão pequena com tudo isso.

Não, eu não estou triste. Estou nada. É que depois da confusão de New York, isto aqui é tão... calmo.

Por enquanto até tenho saído bastante. Velejei no Columbia River com a Suzia (a antiga/atual aupair) e uma amiga dela. Conheci Portand e o Rose Gardem e tenho visitado os parques. Verde, muito verde, verde demais.

Falemos sobre os hábitos alimentares das crianças. Quanta porcaria comem. Será fácil porque não precisarei cozinhar. Cachorro-quente, doces, cereal com leite, pizza, nuggets, macarrão (muito raramente): este é tipo de comida que comem no almoço, jantar e café-da-manhã. Os adultos, posso logo dizer, não são diferentes.

Wednesday, June 25, 2003

impressões sobre new york

vista de manhattan
Como me sinto? Com tanta coisa para fazer, pouco tempo para pensar. Parece férias e a saudade é leve de carregar. Parece brisa batendo num dia morno. Por aqui está um quente verão.

Tudo é grande e barulhento. NY tem definitivamente cheiro de mundo porque são tantos cheiros, vozes e cores que nos embriaga. A Times Square é dourada e tem cheiro sintético. O Central Park tem cheiro de dama da noite esverdeada. Prefiro-o. Faço longos passeios durante o almoço, a tomar um sorvete-sanduíche. Muita gente, muita gente a descansar do sol inclemente.

Não gosto desta correria fim de tarde - em horários noturnos – e um curso tão chato que entontece qualquer um. Sobrevivo. Eu queria ter tempo de fazer relatos mais específicos, mas isso custaria viver menos a agitação própria daqui que eu já tanto pouco tempo tenho para fazer.

E como resistir a famosa e esplêndida vista desta cidade no famoso prédio, as lojas – principalmente de cds e livros – e as sorveterias. Engulo o almoço sofregamente apenas para ter um tempinho livre a caminhar ao redor entre Barnes & Nobles e lindas papelarias. Tudo é grande! E tem tantas pessoas de todas as partes do mundo, que é difícil ver um americano sequer. NY é o mundo! Então, com tudo isso, como passar impune ao burburinho e as cores. Afinal serão apenas quatro dias (na verdade agora apenas dois).

Ontem passeamos pela cidade num New York Sightseeing, um daqueles ônibus para ver os pontos mais famosos da cidade. Táxis amarelos, um monte deles. Prédios, muitos prédios. Pontes. A vista de Manhattan vista no Bronx. A falta das Torres Gémeas. Vários pequenos bairros de Manhattan. Ver, reconhecer, guardar na memória. Será?

Só sei que sentirei falta desta bagunça de hotel, desta independência, desta vida despreocupada junto de um bando de garotas com grandes expectativas quanto as minhas. Só, porque a maioria delas fica aqui do lado Leste. Bagunça. Liberdad. Amanhã? Um novo dia.

Monday, June 23, 2003

a jornada começa em NY

Start spreading the news, I’m leaving today
I want to be part of it – New
York, New York
These vagabond shoes, are longing to stray
Right through
the very heart of it – New York, New York
New York, New York – Frank
Sinatra


Acordei querendo desistir de tudo e permanecer na minha caminha vendo o matinho pela janela. “Por que fiz isso comigo?” Como pude escolher os Estados Unidos? Meu cérebro parado não conseguia falar uma palavra sequer em inglês.


Chegando aqui a coragem renasceu na companhia de setes “brazilian nice girls”. Nova Iorque tem aquele cheiro de cidade grande parecido com outras, mas ao mesmo tempo, como em qualquer outra cidade, suas próprias pequenas particularidades.


Estou feliz, até agora aprece aquelas férias de dias, alegria. A viagem foi ótima com meu próprio televisor particular e uma insónia própria da ansiedade. Cheguei em São Paulo e tive logo as minhas malas reviradas pela American Airlines e meu cadeados retirados (doidices pós-11-de-setembro).


Ah, daqui posso dizer que o Central Park inspira paz. O West Upper Side tem aqueles prédios antigos que tanto adoro. Tem promoções ao monte. Querem mais especificações? Ainda não depurei a situação ainda.

Tuesday, March 11, 2003

eu quero ser aupair - UPDATE

O que é:
É um programa de intercâmbio cultural aprovado pelo governo americano, que oferece a oportunidade de morar 1 ano nos USA, trabalhando e estudando. A Au Pair será (EM TESE)recebida como membro de uma família americana, participará de seu dia-a-dia, cuidando de seus filhos, vivenciando uma nova cultura e aperfeiçoando seu inglês. Por isso, estudar é obrigatório, sendo necessário cumprir determinada a carga horária.

Pré-requisitos:
- Ter entre 18 e 26 anos;
- Conhecimento intermediário de inglês;
- Gostar de crianças e ter 200 horas de experiência comprovada no cuidado de uma criança (não familiar;
- Ter concluído o Ensino Médio;
- Carteira de motorista.

Benefícios:
- Remuneração de US$ 139,05 por semana (HOJE U$176,85);
- Bolsa de Estudos de US$ 500;
- Passagem Aérea subsidiada;
- Férias remuneradas de 2 semanas;
- Um dia e meio de folga por semana, sendo um fim de semana livre por mês;
- Acomodação em casa de família, em quarto privativo, com refeições;
- 4 dias de treinamento, na chegada aos USA, em NY;
- Seguro Saúde;
- Suporte 24 horas durante o programa;
- 30 dias de visto de turista após término do programa.

Preço:
- Taxa de Inscrição: US$ 100
- Programa: US$ 650
Obs. Se cumpridas as regras do programa, cumprir o tempo de programa e voltar na época programada recebe U$500 de volta.

Sunday, March 9, 2003

introdução ao blog - UPDATE

Este blog é um UPDATE do verdadeiro blog http://www.mundoafora.blogger.com.br/ lançado em 09/03/2003 que contava a minha experiência como aupair desde os preparativos (de março à junho daquele ano) até a experiência propriamente dita (de julho de 2003 a Junho de 2004).

Após a experiência ficamos tão saturadas de aupair que simplesmente deletamos o blog. Percebi ao mexer nos arquivos do meu antigo blog que isso acontece com a maioria das aupairs blogueiras (e posso dizer que não são poucas). Somente uma continua a escrever sobre sua vida pessoa hoje (This is Thelma), o restante simplesmente sumiu do mapa. Também explica porque em 2003 muitas de nós usavámos outras plataformas de blogs, proncipalmente a blogger.com.br, da globo.com. Acontece que um ano depois a globo.com passou a cobrar algumas coisas do serviço e muitos blogs desapareceram da blogsfera.

Depois destes anos todos, estou fazendo uma limpeza em arquivos dos meus blogs guardados e estou os postando de novo com a data de postagem original, agora neste post que imita levemente o template original (pelo menos as cores e o cabeçalho são os mesmos). Dentro dos posts estarão os links para os comentários feitos nos posts originais que descobri que ainda estão guardados no meu serviço de comentários. Entretanto, os posts de preparativos foram definitivamente mortos. Constará aqui somente os posts da minha experiência como aupair que começou em finais de Junho de 2003.

Por que postar novamente? Somente para passar a limpo a experiência e a conversa que neste período mantive com dezenas de garotas que, como eu, alimentaram o sonho de ser aupair. Balanços, eu os faço quando terminar a postagem desta experiência que certamente marcou a mim, meu corpo e minha alma.

No primeiro post, lembro-me de introduzir a intenção do blog e depois de falar do meu receio de ir aos Estados Unidos. Em março estava a fazer as minhas 200 horas de experiência numa creche no Rio de Janeiro, quando os Estados Unidos começaram a planejar uma guerra, pós-11-de-setembro contra o Iraque. A possibilidade de guerra atemorizava-nos, a mim, a minha família e aos meus amigos, contra um ataque do grupo Al-Qaeda aos Estados Unidos. Isto certamente influenciou a minha escolha para um lugar longe dos grandes centros, por exemplo. O medo era grande em 2003.

3 amigos que já responderam esta correspondência


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