Wednesday, September 17, 2003

ao vento 3...

Ontem noite entre fumaça e corpos que se mexiam sob ondas sonoras estridentes e eu... o corpo pesado dos anos, tentando entender os berros ensurdecedores dados nesta estranha língua quis estar em minha cama acompanhada. Não, isto foi sábado. Hoje com este mau humor por não ter alguém a me acompanhar e a paciência pequenina para enfrentar os problemas diários, deito sozinha olhando a chuva e as nuvens não suportando o peso do sol que ilumina pacificamente o ápice do dia.

Queria ficar aqui bem quietinha até o dia chegar. E hoje só penso nisso, nestes próximos cinco meses de espera para o descanso de alma tão aguardado. Inquieta, ando dum lado a outro pensando em coisas e mudando de foco um segundo depois. A mente vaga tentando encontrá-lo, tentando encontrar-me. Sem conseguir, caminho junto ao tempo, mais um pouco, preciso correr um pouco mais.

Preciso de companhia nesta preguiçosa semana, ainda mais que escutei a voz dele (quando foi?) domingo; preguiçosa, cansada, doentinha. E a vida resume-se a vozes e letras e a mente vagueia buscando sentindo nisso e naquilo.

Um dia desejei que o mundo parasse para que eu descesse, diante desta impossibilidade resolvi deixá-lo, my outside world. Hoje quero voltar, porém a chave não pode ser usada neste momento. Por que fico? Objetivos futuros, nada mais. Quais são eles mesmo?

Queria largar esta vidinha sem importância, mas descobri a importância daquela lá porque cá estou. Então olho mais uma vez através da janela e penso nas pessoas do lado de lá. Não se preocupe, hoje estou de mau-humor, inquieta, desejando que o tempo passe logo e finalmente a companhia chegue, o resto é perfume.

Monday, September 15, 2003

carta à estranha

Como vais nesta vida que não sei onde levas? Na que me deste, tudo bem. Quer dizer, ainda não a sinto como minha. Sempre penso nesta vida emprestada nas sigo vivendo-a, da melhor maneira que posso. É... é uma vida grandiosa pelo tamanho das coisas que a cerca, mas de pequena importância. Porém penso na real importância da minha verdadeira vida para o mundo, não encontro, seguimos empatadas.

Meu problema aqui é que não relaxo, tento viver esta vida como minha mas esbarro na minha própria incapacidade de esquecer. Talvez se ma desse, realmente. Penso sa quereria se ma oferecesse. A primeira resposta é negar com veemência, mas não sei se acabaria me acostumando e esquecendo daquela outra, a minha verdadeira que segue abandonada já que não a emprestei a ninguém.

Não, não tenho a intenção de emprestá-la porque pode calhar de gostarem e não ma devolver. Neste caso ficarei tão triste e tentarei de todas as maneiras tê-la de volta que prefiro não me arriscar. Ela segue vazia para sorte de uns e azar de outros.

Parece mesquinho segurar aquela em minhas mãos quando de boa vontade me emprestou a tua. Fui eu quem a pediu por alguns meses, contudo parece mais difícil do que supunha andar por ela. Faço com a disposição que posso e acho que a tenho vivido bem. Talvez não a agrade, mas tento aproveitar para ver a minha vida sem deixar-me de lado.

A carta era apenas para agradecer e contar as novidades, o que foi feito. Desculpe a demora, mas espero notícias tuas em breve.
Beijos,
Sphinx.

Friday, September 12, 2003

let´s talking about my day...

Ontem trabalhei até mais tarde, mas não foi tão cansativo. Devon pediu para assistir um pouco do treino dele de futebol americano e Jordan queria ficar. Passei duas horas observando Jordan correndo dum lado a outro com seu ursinho de pelúcia. A vida é mesmo maravilhosa quando crianças se cansam a valer. Voltando pra casa, Jordan tomou um banho e foi dormir. Devon fez seu trabalho de casa, “Moon Journal”. Fomos para o lado de fora tentar ajudá-lo a observar o céu e perceber a noite. Quando Derek chegou, fui tomar um banho e dormir.

Durante a tarde, ainda ontem, quando as crianças estavam na escola, fui aoshopping almoçar num restaurante indiano. Não gostei muito da mistura frango com amendoim. Aproveitei a promoção na JCPenny e comprei uma calça Levi’s.

Hoje acordei no obserno horário de 6:40. Jordan estava num mau-humor… Depois que as crianças foram à escola, tirei um cochilo de uma hora e tomei banho de umas duas horas. As crianças chegaram, Devon ficou vendo futebol americano, e eu e Jordan ficamos fazendo ginástica. Agora estou esperando a Rajae chegar para irmos a algum lugar. Talvez dançar, eu não sei bem. Encontraremos a Alana e decidiremos.

Sunday, August 31, 2003

let´s go to downtown


O fim de semana começou mais uma vez sexta-feira a tarde quando eu e Rajae fomos a Portland. Primeiro conhecemos a “Powell’s Book”, uma imensa livraria, típica da região. A livraria ocupa o espaço de um quarteirão com três andares e vende livros novos e usados. Tem também livros em outra língua, importados. Rajae ficou maluca com um corredor inteiro de livros em francês. Eu, falando esta língua ‘hardcore’, tive que me contentar com duas estantes – um ocupada com dicionários e outras com livros brasileiros e portugueses. Os que eu queria estavam muito caros (mais de quinze doláres) e pude assim manter minha promessa de apenas ler os clássicos americanos e ingleses. Infelizmente não pude resistir a livraria e acabei por comprar um livro usado do Hemingway, por U$4,50, e estou conseguindo ler sem dicionário.

Depois fomos a rua 23, em Nob Hill, onde ficam os cafés, restaurantes e lojas mais charmosas na cidade. Fomos a Starbucks tomar o já tradicional “Chocolate Brownie” que é uma delícia. Depois encontramos Alana e ficamos um pouco num bar. Voltamos para casa cedo porque eu tinha que trabalhar sábado pela manhã.

Sábado comecei a trabalhar as seis horas porque os pais foram ao golfe e uma pessoa tinha que ficar no segundo andar onde as crianças dormem. Só que eu não consegui voltar a dormir, então a manhã foi de mal-humor somente recuperado porque minha irmã apareceu no msn.

O fim da tarde começou quando encontramos Alana e depois dum início na 23, fomos a “Downtown”. Ficamos a procura dum lugar onde Dominika (a aupair polonesa amiga de Alana) pudesse ficar porque ela somente tem 20 anos. Todos conhecem a lei que proíbe beber antes dos 21 anos por aqui. Menores de idade não pode nem sequer entrar em muitos lugares. Ficamos num restaurante porque no bar não podíamos ficar por causa dela.

Voltando para onde tínhamos estacionado o carro, pude presenciar uma cena no mínimo engraçada para os brasileiros, mas que demonstra o cumprimento das leis por parte dos americanos (será por isso que este país funcione ao contrário do nosso?). O guarda dava um sermão porque um cara tinha atravessado a rua com o sinal vermelho (isso quase meia-noite) para pedestres (e não tinha nenhum carro passando pela rua).O cara só dizia “Yeah, yeah” enquanto o policial falava que aquilo não era sugestão, era uma ordem.

Voltamos para casa. Hoje irei ao parque e jantarei na casa da Rajae. Portland apenas no fim de semana que vem, quando esperamos ir algum lugar para dançar. Isso de Dominika não ir conosco, claro (tadinha dela).

Friday, August 29, 2003

ao vento 2...

Pesada ela senta, mas não pensa em nada. Gostaria de passar o dia na cama, porém seu serviço é arrumar tudo. Brincar com as crianças não conseguia porque sua mente atravessava campos e chegava ao seu interior, sem perceber. Sentia-se mal e qualquer palavra dos outros era o bastante para fazer sua cabeça explodir.

O problema é que não sabia o que tinha porque não tinha nada. Estava feliz, até hoje quando seu corpo ganhara um peso, suas costas doíam e sua cabeça caía de lado na impossibilidade de mantê-la em pé. O cheiro de flores que impregnava a casa para disfarçar outros odores chegava-lhe as têmporas que latejavam a cada respirar. Queria ficar na cama, quietinha, mas a vida chamava-lhe. Quisera poder dar um tempo de deitar porque quanto mais irritada ficava, mais saudades sentia. Não a saudade da terra distante, mas do que fora ontem. E hoje, o que além dum corpo andando de um lado a outro?

Pelo menos pensava em coisas concretas e não aquelas questões que não tinha resposta. E pergunta-se se o verá hoje, aquele ver de apenas ouvir a sua voz porque já estava ficando confusa com seu vocabulário que não expressava exatamente seu real significado. Hoje verá sua representação, ícone intergaláctico? Besteiras, sorri.
Queria saber notícias porque se sentia cega daquele outro mundo, o lado de lá, e precisava vê-los. E o vento lá fora combina com as nuvens cinzentas, que combina com seu humor, que permanecia apenas dentro dela.


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