
O fim de semana começou mais uma vez sexta-feira a tarde quando eu e Rajae fomos a Portland. Primeiro conhecemos a “Powell’s Book”, uma imensa livraria, típica da região. A livraria ocupa o espaço de um quarteirão com três andares e vende livros novos e usados. Tem também livros em outra língua, importados. Rajae ficou maluca com um corredor inteiro de livros em francês. Eu, falando esta língua ‘hardcore’, tive que me contentar com duas estantes – um ocupada com dicionários e outras com livros brasileiros e portugueses. Os que eu queria estavam muito caros (mais de quinze doláres) e pude assim manter minha promessa de apenas ler os clássicos americanos e ingleses. Infelizmente não pude resistir a livraria e acabei por comprar um livro usado do Hemingway, por U$4,50, e estou conseguindo ler sem dicionário.
Depois fomos a rua 23, em Nob Hill, onde ficam os cafés, restaurantes e lojas mais charmosas na cidade. Fomos a Starbucks tomar o já tradicional “Chocolate Brownie” que é uma delícia. Depois encontramos Alana e ficamos um pouco num bar. Voltamos para casa cedo porque eu tinha que trabalhar sábado pela manhã.
Sábado comecei a trabalhar as seis horas porque os pais foram ao golfe e uma pessoa tinha que ficar no segundo andar onde as crianças dormem. Só que eu não consegui voltar a dormir, então a manhã foi de mal-humor somente recuperado porque minha irmã apareceu no msn.
O fim da tarde começou quando encontramos Alana e depois dum início na 23, fomos a “Downtown”. Ficamos a procura dum lugar onde Dominika (a aupair polonesa amiga de Alana) pudesse ficar porque ela somente tem 20 anos. Todos conhecem a lei que proíbe beber antes dos 21 anos por aqui. Menores de idade não pode nem sequer entrar em muitos lugares. Ficamos num restaurante porque no bar não podíamos ficar por causa dela.
Voltando para onde tínhamos estacionado o carro, pude presenciar uma cena no mínimo engraçada para os brasileiros, mas que demonstra o cumprimento das leis por parte dos americanos (será por isso que este país funcione ao contrário do nosso?). O guarda dava um sermão porque um cara tinha atravessado a rua com o sinal vermelho (isso quase meia-noite) para pedestres (e não tinha nenhum carro passando pela rua).O cara só dizia “Yeah, yeah” enquanto o policial falava que aquilo não era sugestão, era uma ordem.
Voltamos para casa. Hoje irei ao parque e jantarei na casa da Rajae. Portland apenas no fim de semana que vem, quando esperamos ir algum lugar para dançar. Isso de Dominika não ir conosco, claro (tadinha dela).
Sunday, August 31, 2003
let´s go to downtown
Labels: aupairs, downtown, nob hill, portland, powell's book, starbucks
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Friday, August 29, 2003
ao vento 2...
Pesada ela senta, mas não pensa em nada. Gostaria de passar o dia na cama, porém seu serviço é arrumar tudo. Brincar com as crianças não conseguia porque sua mente atravessava campos e chegava ao seu interior, sem perceber. Sentia-se mal e qualquer palavra dos outros era o bastante para fazer sua cabeça explodir.
O problema é que não sabia o que tinha porque não tinha nada. Estava feliz, até hoje quando seu corpo ganhara um peso, suas costas doíam e sua cabeça caía de lado na impossibilidade de mantê-la em pé. O cheiro de flores que impregnava a casa para disfarçar outros odores chegava-lhe as têmporas que latejavam a cada respirar. Queria ficar na cama, quietinha, mas a vida chamava-lhe. Quisera poder dar um tempo de deitar porque quanto mais irritada ficava, mais saudades sentia. Não a saudade da terra distante, mas do que fora ontem. E hoje, o que além dum corpo andando de um lado a outro?
Pelo menos pensava em coisas concretas e não aquelas questões que não tinha resposta. E pergunta-se se o verá hoje, aquele ver de apenas ouvir a sua voz porque já estava ficando confusa com seu vocabulário que não expressava exatamente seu real significado. Hoje verá sua representação, ícone intergaláctico? Besteiras, sorri.
Queria saber notícias porque se sentia cega daquele outro mundo, o lado de lá, e precisava vê-los. E o vento lá fora combina com as nuvens cinzentas, que combina com seu humor, que permanecia apenas dentro dela.
Labels: eu
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Sunday, August 24, 2003
chega de saudade

A sexta-feira começou já pela tarde quando a Rajae veio me buscar para irmos a Portland visitar o museu de arte onde tinha uma exposição do Miró. Depois ficamos passeando por “Downtown”. Tinha festa italiana na Pionner Square e depois chocolate com café – mistura interessantíssima – e um garçon americano simpático me confundindo com uma italiana já que estava passeando pela praça. Fomos a uma livraria onde tinha cds brasileiros, um monte deles, até aqueles de gosto meio duvidoso, mas estava caro. Acabei comprando um livro com poemas da Emily Dickinson. Por falar em ler, finalmente terminei minha jornada inglesa – Virgínia Woof – depois de seis semanas!
Sábado comecei encontrando o telefone da brasileira que supunha perdido, Fui a um parque perto do Willamette River e almoçamos. Que paz! Sem crianças então, somente eu e Rajae que convidei para assistir um filme por cá. Os pais foram a uma festa e as crianças não queriam ir dormir. Devon estava insuportavelmente teimoso querendo chamar a atenção. Acabei perdendo a paciência e terminando de ver “The Bridget Jones´diary” no “meu” andar.
Ontem liguei para Alana e contei a história do sumiço e mágico aparecimento do telefone e ela ficou de me ligar hoje.
Hoje acordei ao som de “Chega de Saudade” gravado por um americano que toca violoncelo (mas a cantora é brasileira). O cd muito comentado pelas bandas de cá, “Obrigado, Brazil” gravado pelo Yo Yo Ma, tem uma diversidade de (boas) músicas brasileira. Fiquei vendo a entrevista e senti orgulho de ouvir alguém falar bem do Brasil, mesmo sobre músicas. Como estou boba este fim de semana! Acho que foi porque liguei p’ra ele, fico ridiculamente boba quando ligo p’ra ele.
Foto Juniorzzi
Labels: aupairs, downtown, música
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Friday, August 22, 2003
dois meses nos states
Hoje fazem dois meses que saí do Brasil e cheguei aos Estados Unidos. Engraçado como nos acostumamos. Acostumei-me a esta vida, aos passeios no parque durante a tarde, a rotina. E fico feliz, de verdade, aproveitando cada momento. É claro que tenho saudades, mas não aquela que sufoca. É aquela pequenina como contar aquilo para aquela amiga, ver minha sobrinha sem o dentinho da frente, mais uma estripulia do meu sobrinho, tomar café (com a minha mãe, com Didi) e conversar. Você passa a não ter saudades da sua vida em si, mas das pessoas. Às vezes é triste, mas sobrevive-se. Outros dias, alegre porque viu algo muito bom aqui. A rotina chega todo dia e os dias passam depressa. Dois meses? Voaram.
Claro que trabalhei pra caramba porque as crianças estão de férias (que acabam dia 02 de Setembro) e a mãe foi viajar. Quando ela não está não me sinto tãoobservada e nervosa. “Não esqueça isso!”, “Você tem que fazer aquilo!” Ela não é má, mas muito melhor quando tenho calma para decidir as coisas por mim. E eu adoro calma. Esta família é cheia de compromissos, coisas a fazer e eu tento decifrar este jeito americano de viver.
Labels: usa
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Wednesday, August 20, 2003
pesos e medidas
Lembram-se quando falava dos meus problemas com a menorzinha. Eles acabaram. É claro que ela ainda tem um gênio! Principalmente pela manhã. Porém pode ser doce e falar como uma tagarela, e pintar lindos desenhos. Nestes dias chego a perder o coração, se ela ficar assim todos os dias corro o risco de me apaixonar e depois será difícil dizer adeus.
E eu já disse as dificuldades que um estrangeiro tem em se achar com tantas medidas diferentes? A temperatura não é Celsius, mas em Farenheirt; não é litro, mas galão; não é quilos, mas libras; não é quilómetros, mas milhas. Fica difícil de se achar e nem falo do número do sapato, da roupa que isso, você supõe mudar de um lugar a outro. Aos poucos me acho.
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Tuesday, August 19, 2003
fuga
Cheguei sem avisar, desisti de tudo e resolvi voltar. A casa estava exatamente como a deixara, e tinha aquele cheiro de comida percorrendo-a, os pratos secando e as cores espalhadas. Minha mãe abriu um sorriso lindo e levantou-se para me abraçar porque era boa a surpresa de meu retorno. Minha irmã estava fazendo uma visita e pude abraçá-la junto com Bê e meu arteiro que não precisa mais saudar cada avião dizendo, ti-a. E é tão bom abraçá-los...
Era 9:30, um frio percorreu meu corpo porque nesta hora perceberam que eu fugira. Coloquei a roupa na mala e saí, sem avisar, sem dar satisfações, mas eles cobrariam.
E a vizinhança apareceu e meus amigos perguntaram o que estava fazendo ali tão cedo. Sorri e cansada fui dormir. Foi de repente, cansaço estranho.
No meu quarto a cama a mesma posição, o cheiro de incenso fraquinho, as fotos, meus livros, meu computador e a janela com cortinas e reconheço este quarto. Não, não estou em casa. Foi por alguns minutos, um daqueles sonhos bem reais, que lá estive. E foi tão bom senti-los...
Labels: eu
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Monday, August 18, 2003
coisas que só acontecem com quem dirige

O domingo correu agradável com um passeio até Portland. E a feira de cá é parecida coma feira hippie de Ipanema. Fui com Lina, uma aupair dinamarquesa e conhecia Tanja (fala-se Tania) um aupair alemã. Logo recebi um telefonema de Sherene que disse que eu não tinha deixado claro que iria usar o carro. Eu tinha. Foi aqueles problemas na comunicação onde você fala uma coisa e o interlocutor entende outra. Até aí o dia correu tranquilamente. Fomos ao Pionner Courthouse Square e assistimos uma festa indiana, com música e os indianos todos dançando. Depois me despedi e fui ao cinema ver “Madame Satã” que estava passando por cá.
Voltava para casa quando vi que um carro tinha encostado de leve no meu quando estacionado. Nada grave, apenas um pouco nervoso porque afinal o carro não é meu. Chegando em casa fui direto contar a Sherene. Ela foi compreensiva, somente deixou claro que era por isso que não gostava de aupairs dirigindo a cidade nos primeiros meses (este tipo de acidente já aconteceu com as outras).
Ficou uma falta de coragem para pegar o carro e ir até Portland, Acho que pelo menos pelas próximas duas semanas…
Labels: aupairs, carro, portland
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Tuesday, August 12, 2003
contando a semana...
Estive trabalhando no domingo. Fui a Seattle porque os pais das crianças tinham um encontro de negócios e eu fiquei a tarde num quarto de hotel onde não tinha nada, a não ser uma bola, para as crianças se entreterem.
Seattle pareceu bonita com o lago, as casas em volta e os barcos. Infelizmente não pude conhecer nada desta vez. Fica para a próxima já que Seattle fica apenas três horas daqui.
Estas semans tem sido tranquilinhas. Acabaram meus problemas com a menina e com a mãe. Estou dirigindo até Portland. Ainda não tive fim de semana para conhecer as coisas em Downtown e no próximo Rajae estará na Califórnia com a host family dela.
Este sábado tive encontro de aupairs. Foi fraquinho porque resolveram fazer dois encontros e todas as meninas foram ao outro. Soub que Marie teve que voltar à Franca depois dum acidente com a trituradora de lixo que corou o dedo dela. Fizeram uma cirurgia para recolocá-lo, sem sucesso. Com tantas dores ela não conseguia trabalhar e teve que voltar. Agora perdi meu único contato com Alana, a brasileira. Rajae e eu perdemos o telefone dela. O negócio é esperar que ela não tenha perdido o meu.
Labels: brasileiro, família, seattle
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Sunday, August 10, 2003
ao vento
E com aqueles presentes na cabeceira, aquele bilhete numa mão e aquela foto na outra, perguntava-se se ele era mesmo o homem de sua vida. Mas será mesmo que existe o homem ou mulher da vida de cada um ou são apenas coisas criadas para nos fazer acreditar que existia? E ela sentiu-se impregnada destas coisas. Achou que era o momento de se livrar delas. E se existisse?
Mas outra pergunta era mais forte, porque todas estas dúvidas agora enquanto lia aquele bilhete? Não era o que esperou ouvir em todos aqueles anos. Não era o que queria... E por que todas aquelas dúvidas justo no momento em que ele dizia o que esperava ouvir?
Dentro dela uma vontade incontrolável de ligar e dizer, acabou. Porque tinha uma vida, planos e eles eram tão diferentes, viviam vidas completamente diferentes. Talvez fosse medo apenas. Liga, ele não está, mas alguém atende querendo saber exatamente quando chegaria. Então ele contou, ela pensa, se ele contou a ela, é sério. E ela devia estar feliz... mas era medo... tão grande que ela queria desistir e dizer que não daria certo e sentiu que se arrependeria.
E olhou novamente a foto dele, ainda em suas mãos. Pensou nos anos esperando. Então leu mais uma vez o bilhete. Estava feliz, era sério também para ele, finalmente.
Labels: eu
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Wednesday, August 6, 2003
e a liberdade ir pra lá e pra cá
Nada como estar de volta e passear pra lá e pra cá de carro. Ter uma amiga para sair e conversar. Senti falta disso nesta viagem a Maryland. Agora pelo menos tenho o carro e domingo finalmente fui ao shopping comprar um presente para Devon que fez aniversário segunda. Foi legal passear por lojas, mesmo que não tenha comprado nada para mim.
Então segunda Devon recebeu os amigos para uma festa sleepover, ou seja, os pestinhas dormiram na sala ao lado do meu quarto. Imagine seis crianças gritando até as duas da manhã! Eu não imagino como consegui dormir as onze. Acabei acordando às duas por causa do calor no meu quarto e escutei quando Derek colocou ordem no recinto.
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Saturday, August 2, 2003
em maryland...

Sexta chegamos a Maryland na casa da mãe de Derek, pai das crianças. Sábado fomos a Virginia para um resort/clube com pista de golfe (que estes americanos gostam muito deste esporte e saem dum lado a outro para ficar num clube de golfe) onde ficamos uma semana. Ontem voltei de Maryland.
Foram as férias deles, nada mais. Conheci um clube de golfe, árvores e restaurantes. Fui também a um parque de diversões, bem divertido. Contudo choveu durante três dias e não visitei o oceano. Foi uma semana chata já que sempre estava sozinha ou com as crianças. Ninguém mais a partilhar isto aqui.
Já estou feliz porque volto hoje à noite e já marquei coisas para fazer num domingo. Eu poderei sair, ver gente. Esta situação é muito estranha. Quando as crianças saem com os avós, nada tenho a afzer e não posso ir a lugar algum. Quando as crianças estão tem os pais. Tentei levar bem apesar de, alguns momentos, quase a morrer de tédio. Os parentes deles são legais, mas suponho que férias é algo mais divertido. Levamos em consideração que a falta de sol prejudicou os planos deles. Solzinho osmente no domingo na piscina quando estava de folga e na segunda quando fui ao parque de diversões. Nada, mais nada interessante para fazer.
Labels: maryland
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